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7.ª Conferência de VALOR APAH In noticia

Ouvir e envolver os cidadãos nas decisões de saúde tem retorno para a sociedade

Participação e a centralidade dos cidadãos no âmbito do sistema de saúde estiveram em discussão na 7ª Conferência de VALOR APAH. A iniciativa reuniu durante dois dias, em Braga, mais de 200 gestores e profissionais de saúde para analisar e discutir os desafios e as oportunidades que se colocam atualmente à implementação de “Modelos de gestão centrados no cidadão e na comunidade“ no Sistema Nacional de Saúde.

Nas apresentação das conclusões finais, Lino Mesquita Machado, Chairman da Conferência destacou a importância do envolvimento do cidadão e a necessidade de repensar a forma como prestamos cuidados e de como estes devem ser cada vez mais personalizados, mais integrados e garantir sustentabilidade. 

“Esta mudança não é possível sem envolver os doentes. E quando falamos de envolvimento dos doentes, não podemos apenas continuar a abordar esta questão ao nível dos inquéritos de satisfação ou das caixas de sugestões. Os cidadãos, doentes ou não doentes, têm que participar nas decisões. Em todos os níveis do sistema de saúde. Ao nível da gestão e do financiamento, porque são eles que o sustentam com o seu trabalho e com os seus impostos. Também ao nível da estratégia de desenvolvimento porque são eles os principais interessados no seu desenvolvimento e sustentabilidade.

Mas acima de tudo, porque o sistema pode ganhar muito com essa participação.

Um sistema mais participado, mais inclusivo, mais alinhado com as necessidades das pessoas, mais preocupado com o seu bem-estar, será sempre um sistema sustentável, designadamente porque as pessoas estarão dispostas a pagar por ele. 

As organizações de saúde, têm que deixar de trabalhar apenas para dentro, para os seus próprios objetivos ou para os objetivos dos seus profissionais. Têm que trabalhar cada vez mais com um objetivo último: o de ir ao encontro das necessidades dos seus cidadãos. Não podem existir dúvidas: a organização, o financiamento, os incentivos, têm que ser alinhados neste sentido. É um avanço que urge concretizar nos sistemas de saúde, particularmente no Português. “

Principais conclusões da 7.ª Conferência de Valor APAH:

1 – Importa ouvir os cidadãos

Margarida Santos e Sofia Crisóstomo, em representação da plataforma MAIS PARTICIPAÇÃO melhor saúde, falaram-nos da necessidade de termos um maior compromisso com a PARTICIPAÇÃO PÚBLICA EM SAÚDE.

Falaram-nos de formas práticas e exequíveis de promover a participação e de como dentro do enquadramento legal actual, há margem para melhorar, nomeadamente com a publicação recente da “Carta para a participação publica em saúde“. Com as ferramentas que temos ao nosso dispor (conselhos consultivos ou outros), temos espaço para envolver mais os doentes. Foi realçada a importância de valorizar o saber e a experiência das pessoas com doença, no sentido em que melhora a qualidade de decisão. Conforme nos disseram: Mais participação, mais saúde. 

Usman Khan, Director executivo do European Patient Fórum, falou-nos também de como se podem INCORPORAR AS EXPECTATIVAS E A EXPERIÊNCIA DAS PESSOAS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE. sobre dar voz ao doentes e a importância de integrar a visão funcional do doente, de uma forma compreensiva e sistemática. Para isso temos de investir em informação, em literacia, sendo ainda fundamental passar de uma visão paternalista para uma visão de parceria. 

2 – Depois de ouvir os cidadãos, é importante alinhar a organização e os processos de cuidados

Foi disso que nos falou Jordi Varela, na sua palestra – GESTÃO CLÍNICA MODERNA BASEADA NAS PESSOAS i.e. a importância do valor em saúde, envolvendo os doentes nos processos. Falou-nos também da importância de fazer uma avaliação integral do doente (saber como vive, qual é a situação social, entre outros determinantes) e de promover as decisões clínicas partilhadas. Alertou-nos ainda para a importância de medir os objetivos que realmente importam para os doentes e de rejeitar as práticas clínicas inadequadas e sem evidência.

Ainda sobre a organização da oferta de cuidados Carina Dantas, diretora de inovação da Caritas Diocesana de Coimbra, reforçou a importância das parcerias para a reformulação de CUIDADOS CENTRADOS NAS NECESSIDADES DAS PESSOAS. Realçou a importância de criar pontes entre os diferentes actores no terreno, a relevância que o terceiro sector pode ter neste âmbito e a capacidade têm de inovar no apoio aos doentes.

3 – A tecnologia pode ter um papel importante para permitir centrar os cuidados nos cidadãos 

Foi nesse sentido que Josep Monterde, Presidente da Fundação Asserta, falou sobre como pode um sistema de análise do consumo de medicamentos, que integre toda a informação do doente, produzir recomendações de acções de forma fiável e atempada e identificar o uso inadequado de medicamentos. 

Ainda no domínio da tecnologia José Pedro almeida, do Grupo Unilabs, contou-nos como é que na sua organização estão a usar a Inteligência de Dados para melhorar a experiência do doente, prestando um serviço mais rápido, mais próximo e mais personalizado e deixou como exemplo o estudo da resistência à antibióticos e a forma como essa informação poderia ser disponibilizada aos Centros de Saúde. 

4 – Investimento em Saúde tem retorno para sociedade e deve ser uma prioridade

Luis Baltazar da Universidade Nova de Lisboa evidenciou que o investimento em saúde, não é apenas um custo e tem um retorno muito relevante para a sociedade portuguesa. O estudo da Nova IMS revela ainda que a qualidade, quer a qualidade técnica, quer a qualidade percepcionada pelos doentes, é elevada mas existem áreas onde podemos melhorar, nomeadamente nos tempos de espera.

Veja agora a reportagem fotográfica da 7.ª Conferência de Valor APAH Aqui

A APAH agradece a todos os seus associados, parceiros e patrocinadores o apoio à organização desta 7.ª Conferência de Valor APAH e voltamos a encontrarmos em 2020.