A importância da cultura organizacional dos prestadores de cuidados de saúde encontra-se diretamente relacionada com a qualidade e a segurança dos cuidados prestados. Variações na cultura organizacional entre prestadores, refletem diferenças de liderança, gestão e governação das instituições.
Com o objetivo de avaliar esta dimensão, a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, a Direção executiva do SNS, a Ordem dos Psicólogos Portugueses e a EY, com apoio técnico dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), desenvolveram uma metodologia para medir a cultura organizacional das instituições do Serviço Nacional de Saúde. Os resultados poderão servir de base à implementação de uma nova estratégia de gestão de recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde, no sentido de promover uma melhoria da cultura organizacional.
O questionário de 30 perguntas, baseado num barómetro semelhante desenvolvido pelo Kings College – London para aplicação no Serviço Nacional de Saúde de Inglaterra, foi enviado por email a todos os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde, entre os dias 3 e 17 de Março.
Foram recolhidas 9394 respostas, distribuídas pelos Cuidados de Saúde Primários e Hospitais portugueses, bem como por todos os grupos profissionais.
Na 1ª Edição deste barómetro, é notório que os trabalhadores se sentem integrados e apoiados, quer pelas suas chefias diretas, como pelas suas equipas de uma forma global. 75% dos trabalhadores reconhecem saber o que é esperado de si no seu trabalho e 70% sentem-se tratados com respeito pelos seus pares. Foram estes os itens com melhor desempenho, o que indica claramente uma identificação dos respondentes com as equipas em que se integram.
No ponto diametralmente oposto, encontra-se a perceção dos trabalhadores, quer com a gestão das suas unidades de saúde, como com a forma as instituições valorizam o seu trabalho. Por um lado, 56% dos trabalhadores faz uma avaliação negativa sobre a forma como os diferentes gestores das diversas instituições de saúde percecionam a atividade das organizações. Por outro, os trabalhadores sentem que não conseguem influenciar a forma como as coisas são feitas nas suas instituições, havendo apenas 20% de respondentes a reconhecer conseguir fazê-lo, e 18% com a perceção de que o seu ponto de vista é ouvido. 80% dos respondentes têm opinião desfavorável ou neutra sobre a celebração dos sucessos dos trabalhadores por parte da sua instituição. Refira-se ainda a baixa classificação dada à dimensão Recursos, sendo aquela que apresenta agregadamente avaliação mais negativa por parte dos trabalhadores, e na qual apenas 34% dos respondentes acham que têm o tempo e os recursos necessários para desempenhar bem a sua função.
Realça-se o facto de terem sido recebidas mais de 5000 sugestões de melhoria, o que reflete uma grande adesão e vontade dos respondentes em contribuir para o presente barómetro. A maior parte dos comentários dos respondentes foi no sentido de promover mais formação, desenvolvimento profissional e de competências, mas também no sentido de realçar a necessidade de melhoria a nível da gestão.
Os resultados do Barómetro foram apresentados na 12ª Conferência de Valor APAH, no dia 25 de março de 2024 em Guimarães.
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