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#Seis anos e muitos obrigados

Já está disponível a edição n.º 28 da revista Gestão Hospitalar (GH). Aceda à versão digital aqui.

EDITORIAL

Nos últimos seis anos tive a honra de liderar os destinos da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH). Não sendo segredo de estado, esta história começou num almoço com os colegas Marta Temido e Victor Herdeiro. Não posso estar mais grato a ambos por me convencerem a aceitar o desafio. Representar os administradores hospitalares foi sem dúvida o cargo de maior responsabilidade da minha vida profissional. Desde a primeira hora soube que o sucesso da APAH dependeria da sua independência, da profissionalização da gestão, e da concretização de dois mandatos.


A isso me comprometi. Como representante dos administradores hospitalares, não poderia estar dependente da nomeação política ou de interesses terceiros. Como é que eu, como membro de um conselho de administração, poderia negociar a carreira de administração hospitalar com a pessoa que me nomeou e tem o poder de me reconduzir? Estaria a representar o hospital como empregador ou o administrador hospitalar como empregado? Como é que eu, como membro de um conselho de administração, poderia livremente expressar posições públicas estando condicionado pela lealdade inerente ao cargo e subordinação hierárquica? Daí, comprometi-me com os sócios que não exerceria qualquer lugar de nomeação durante os meus mandatos. Fui convidado por várias vezes dentro do setor público e privado? Sim. A minha resposta foi: sou Presidente da APAH.

A nossa profissão é muito exigente. Como sabemos da teoria e da experiência, o amadorismo da gestão não produz bons resultados. Para um administrador hospitalar não é possível conciliar as obrigações profissionais com a gestão diária de uma associação como a APAH. Os quarenta anos de história da APAH tornaram evidente a necessidade de contar com uma equipa dedicada. Nestes seis anos foi possível transformar o modelo de gestão da APAH e os seus serviços aos sócios. Hoje, temos uma sede, secretariado, apoio jurídico, livros, revista de qualidade e financeiramente sustentável, bolsas de estudo, prémios, programas e atividades formativas gratuitas ou a custo reduzido, canal YouTube, sítio internet ativo, etc.

A profissionalização trouxe responsabilidades acrescidas. Nestes seis anos, não existiu uma única falha nos deveres estatutários, tributários ou éticos da APAH, tendo sido implementados mecanismos de controlo que excedem essas mesmas obrigações. Assim, hoje a APAH possui reservas financeiras e saldos de tesouraria que asseguram a continuidade da sua atividade.

Sabendo que o nosso reconhecimento é atribuído por outros, e não é fruto do auto elogio, o caminho trilhado assegurou o reconhecimento por todos os atores da saúde em Portugal. A APAH determina a agenda. A autonomia, a avaliação e responsabilização dos membros dos conselhos de administração, os internamentos sociais, o acesso a cuidados de saúde, a transformação digital, primeiro projeto nacional de cuidados baseados em valor, satisfação e motivações dos profissionais, entre outros são temas que lideramos. Hoje, por direito próprio, os administradores hospitalares são atores chave na discussão de políticas de saúde e baluarte máximo da profissionalização da gestão em saúde. O caminho está longe de estar concluído em dois mandatos, nomeadamente na carreira de administração hospitalar.

Apesar de ter sido possível:

  1. Garantir uma proposta consensual para a revisão da carreira – primeira em quarenta anos;
  2. Constituir a comissão de avaliação em que 82 colegas mudaram de grau – primeira em praticamente duas décadas;
  3. Reconhecer a existência de administradores hospitalares em contrato individual de trabalho (CIT) através do primeiro acordo coletivo de trabalho – sim, ainda subsistia a dúvida sobre esta possibilidade, nomeadamente por colegas nossos que insistem na divisão “nós os de carreira, e os outros”;
  4. Garantir o apoio sindical da FESAP em representação dos administradores hospitalares – primeira vez em que se assegura representação nas mesas negociais;
  5. Dar apoio jurídico direto a dezenas de sócios em matéria laboral.

Existe muito por fazer para garantir o futuro da nossa profissão. Primeiro, convém perceber que a responsabilidade pela revisão da carreira é do Governo e não da APAH. Contudo, deve reconhecer-se que há seis anos falava-se da extinção da profissão e da inexistência de administradores hospitalares em CIT. Hoje, após seis anos, somos incontornáveis e estamos bem melhor posicionados para garantir a revisão da carreira e cumprir o nosso destino.


Para finalizar, não posso deixar de agradecer-vos a honra de ter servido a nossa associação como seu Presidente. Uma palavra final para todos os que participaram nos corpos sociais da APAH durante estes dois mandatos, para a Fátima Nogueira, e para os meus colegas e amigos, Teresa Sustelo, Pedro Lopes, Manuela Mota Pinto, Victor Herdeiro, e Delfim Rodrigues. Um abraço especial ao meu amigo Miguel Lopes.

Obrigado pela bondade, e acima de tudo por acreditarem.

Alexandre Lourenço, Presidente da APAH (2016-2022)