O Barómetro de Internamentos Sociais (BIS) é uma iniciativa da APAH com o suporte da EY e o apoio institucional do Ministério da Saúde, com o objetivo de estudar e dar relevo à problemática dos internamentos inapropriados, mas também para fomentar ações conjuntas que minimizem este impacto. Assim, constitui-se como um instrumento para a medição periódica deste fenómeno.
A recolha de dados referente à 2.ª iteração do BIS decorreu durante o dia 19 de fevereiro. Os resultados são hoje apresentados publicamente em Viseu, por ocasião das Conferências de Valor APAH.
Resultados do Barómetro de Internamentos Sociais
À data da recolha de dados do 2.º Barómetro de Internamentos Sociais(BIS), a 19 de fevereiro de 2018, 960 camas, o equivalente a 6% do total das camas disponíveis, em 74% dos hospitaisdo Serviço Nacional de Saúde (SNS), eram ocupadas com internamentos inapropriados, predominantemente justificados pela falta de resposta na rede de cuidados continuados. O BIS é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares(APAH), com o suporte da EY e apoio institucional do Ministério da Saúde.
Para a generalidade dos hospitais auscultados, a média de internamento inapropriado está nos 67 dias, o que corresponde a uma despesa estimada de 26,3 Milhões de euros. A extrapolação deste valor para um ano dos internamentos inapropriados evidencia um impacto estimado superior a 99,7 milhões de euros para o Estado.
O BIS revela ainda que os episódios de internamentos sociais são, maioritariamente, de origem médica (72%). O género feminino está em maioria, com uma percentagem de 56%. Quando às idades, 22% correspondem a pessoas entre os 18 e os 65 anos,36% referem-se ao intervalo entre os 65 e os 80 anos e 41% dizem respeito a internamentos de utentes com mais de 80 anos, apenas 1% respeita a pessoas com idade inferior a 18 anos.
Em parceria com a Microsoft disponibilizamos os resultados desta 2.ª edição utilizando a ferramenta PowerBI.
Principais conclusões
- 6% dos doentes internados a 19/02/2018 encontravam-se em situação de inapropriaçãopor motivos sociais.
- A demora média de internamento inapropriados a 19 de Fevereiro de 2018 é cerca de 67 dias.
- Os episódios de internamentos inapropriados são predominantemente médicos e centrados nas faixas etárias mais elevadas.
- Os principais motivos de inapropriaçãode internamentos centram-se na falta de resposta da rede de cuidados continuados e incapacidade de resposta do familiar / cuidador.
- O impacto dos internamentos inapropriados a 19 de Fevereiro de 2018 é superior a 26 M€.
- O impacto dos internamentos inapropriados a 19 de Fevereiro de 2018 extrapolados para todo o ano atingem perto de 100 M€.
Barómetro dos Internamentos Sociais
O prolongamento dos episódios de internamento hospitalar para além do período clinicamente necessário conduz a complicações evitáveis para o doente, aumentado o risco de infeções nosocomiais, de malnutrição, de depressão, de quedas e de agravamento dos estados de dependência. Mais, o seu impacto na ocupação de camas hospitalares passa a ter impacto nos tempos de espera para internamentos eletivos (incluindo cirurgias) e no congestionamento dos serviços de urgência, com degradação dos cuidados de saúde ao doente.
O prolongamento dos internamentos é um problema muito complexo. Ao longo do tempo, a incapacidade das famílias e falta de respostas na comunidade têm sido apontadas como as principais razões para a inadequação do período de internamento. Geralmente, estes internamentos são caraterizados coloquialmente como sociais.
Apesar da relevância do problema, não existem dados quantitativos nacionais sobre o fenómeno de internamentos sociais que permitam atuar sobre o problema.
Esta iniciativa conta com a colaboração ativa dos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde.