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Medicina de Precisão

Agenda estratégica para o futuro da medicina de precisão em Portugal

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o apoio institucional da Ordem dos Médicos e o apoio técnico da EY, promove a iniciativa “Agenda estratégica para o futuro da medicina de precisão em Portugal” com os objetivos de:

i) Conduzir e compilar pesquisa na área da medicina de precisão;

ii) Conduzir e promover consenso entre os principais stakeholders para a definição de uma agenda futura para a medicina de precisão e

iii) Conduzir e promover o desenho de iniciativas estratégicas com vista a implementação da referida agenda.

A medicina de precisão, é um conceito inovador no âmbito da análise e compreensão da saúde de cada indivíduo para o tratamento e prevenção da doença e que tem em consideração a variabilidade genética, ambiente e estilo de vida de cada pessoa conjugando a evolução tecnológica na implementação de novos mecanismos de diagnóstico e de tratamento de doenças. Cada indivíduo tem características únicas e, graças aos mais recentes desenvolvimentos e descobertas na área da saúde e das tecnologias de informação, atualmente é possível especificar e direcionar o tipo de tratamento a diferentes perfis de doentes, alcançando assim, melhorias exponenciais nos resultados obtidos.

É uma abordagem cada vez mais relevante e basta para isso olhar para a resposta de alguns dos atuais tratamentos: mesmo doenças como a diabetes, amplamente estudadas mas que apresentam taxas de ineficácia na resposta do tratamento superiores a 40%[1], com perdas de qualidade de vida do doente e aumento dos custos de tratamento daí inerentes. Outras, como a artrite, revelam uma ineficácia na ordem dos 50%, percentagem que sobe no caso dos tratamentos para a oncologia (75%).

A visão é que a Medicina de Precisão permita melhorar a rapidez e eficácia dos diagnósticos, evitando a prescrição de terapêuticas desnecessárias, ineficazes e dispendiosas. A nível económico, isso significará uma utilização racional e eficiente dos recursos disponíveis, diminuindo o desperdício e custos associados a tratamentos ineficazes e respetivos efeitos secundários.

No entanto, para um sistema de saúde centrado nas necessidades de cada cidadão, mas igualmente sustentável, é necessário um compromisso e investimento que promova o progresso nesta área da medicina. Uma missão à qual se colocam vários desafios, identificados pela análise da APAH, da OM e da EY desde incentivos ao investimento para este tipo de práticas, capacitação do SNS a nível de infraestrutura física e tecnológica, até ao envolvimento do cidadão na sua saúde, através da promoção eficaz da literacia face às inovações tecnológicas.

É hoje consensual que o futuro da medicina tem indubitavelmente que passar pela adotação deste tipo de abordagem e a Saúde dos Portugueses merece que se comece a definir estratégias para a promover. Face à relevância do tema, diversos países têm vindo a definir estratégias nacionais para a medicina de precisão e a investir em projetos de investigação e desenvolvimento que apoiam a implementação de iniciativas e projetos piloto.   Em Portugal, APAH considera essencial criar uma maior consciencialização e consenso da temática a nível nacional, promovendo assim em parceria com a OM o desenho de uma “Agenda estratégica para o futuro da medicina de precisão em Portugal”, bem como um Plano de Ação e Roadmap para implementação da mesma que permita colher os seus benefícios e que assegure o envolvimento de todos os stakeholders relevantes e a análise de todas as dimensões relacionadas com o tema. A iniciativa foi conduzida em três etapas iniciais que incluíram:

  1. Pesquisa profunda do estado da arte a nível internacional e nacional através da elaboração de um Relatório do enquadramento e análise do estado da arte;
  2. Entrevistas individuais com o objetivo de recolher junto de 10 peritos nacionais o estado atual das práticas de medicina de precisão em Portugal e analisar quais as dimensões que carecem de maior investimento, e;
  3. A realização de 2 Workshops temáticos com a participação de mais de 50 personalidades nacionais com conhecimento relevante na temática de medicina de precisão ao nível de entidades reguladoras, prestadores de cuidados de saúde públicos e privados, meios académicos e de I&D, Ordens profissionais e Sociedades Científicas, empresas farmacêuticas, de dispositivos médicos, e do sector de diagnósticos e seguradoras.

O Workshop teve lugar a 14 de maio de 2019  com o objetivo de enquadrar a temática da medicina de precisão, analisar o seu estado atual a nível nacional, apresentar algumas práticas internacionais e definir as grandes opções estratégicas e respetivos desafios para a implementação de iniciativas de medicina de precisão em Portugal;

O Workshop decorreu a 30 de maio de 2019 e teve como objetivos analisar as principais necessidades e respetivas ações prioritárias a implementar para a definição de uma agenda de trabalho e de um plano de iniciativas para a medicina de precisão em Portugal.  

 

A  Apresentação pública da proposta de Agenda Estratégica,  ocorreu no dia 11 de dezembro de 2019 na OM em Lisboa, e  propõe cinco objetivos estratégicos assim como as orientações para a implementação de um plano de iniciativas a realizar num período de quatro anos, entre 2020 e 2023:

  • Objetivo 1: Melhorar os resultados clínicos através do acesso equitativo a cuidados de saúde personalizados, o que exige o acesso a diagnósticos e tratamentos inovadores e capacitar centros para darem resposta a esses mesmos tratamentos.
  • Objetivo 2: Guiar a prática clínica através de dados clínicos, genómicos e dados disponibilizados pelo cidadão, o que obriga à definição de uma política nacional de dados em saúde, bem como à implementação de uma estrutura de dados nacional de suporte.
  • Objetivo 3: Garantir a sustentabilidade financeira na implementação da medicina de precisão, uma vez que são expectáveis novos custos associados à aquisição de equipamentos, ao uso de terapêuticas mais sofisticadas e caras e às alterações aos sistemas informáticos.
  • Objetivo 4: Aumentar a capacidade de Portugal para desenvolver inovação na área de Medicina de Precisão através da promoção da inovação.
  • Objetivo 5: Reforçar a participação do cidadão na sua saúde, promovendo a literacia em saúde e medicina personalizada.

 

A etapa seguinte da iniciativa inclui a realização de dois projetos-piloto, em instituições hospitalares do SNS:

  • Projeto-Piloto 1: Tem como foco a integração dos dados de saúde (clínicos, genómicos, de imagiologia médica e fornecidos pelos doentes) associado ao desenvolvimento da algoritmos de suporte à decisão clinica;
  • Projeto-Piloto 2: Tem como objetivo principal  assegurar o acesso dos cidadãos a tratamentos personalizados e o desenvolvimento de um modelo de financiamento sustentável.

 
 


[1]Personalized Medicine Coalition, “The Personalized Medicine Report” (2017)