A 2ª edição do Fórum de Inovação e Tecnologia em Saúde (FITS), uma iniciativa APAH com o apoio da APORMED, teve lugar no passado dia 23 de setembro, no Teatro Thalia, em Lisboa e centrou-se no debate sobre o papel fundamental dos dispositivos médicos na modernização dos cuidados de saúde e os desafios que o setor enfrenta em Portugal.
“Os dispositivos médicos são essenciais para o diagnóstico, monitorização e tratamento dos doentes. Desde instrumentos simples como agulhas e estetoscópios até tecnologias avançadas como pacemakers, eles aumentam a precisão dos tratamentos e tornam as intervenções menos invasivas e mais eficazes. Além disso, a inovação constante no setor oferece oportunidades de melhoria tanto na qualidade de vida dos doentes como na eficiência do sistema de saúde”, sublinhou Xavier Barreto.
No que se refere ao processo de aquisição, Xavier Barreto reforçou também que “Precisamos de melhorar os critérios de avaliação, focando-nos principalmente na medição do valor real que os dispositivos médicos trazem para os doentes. A criação de acordos com a indústria, que incluam a partilha de risco e incentivem a inovação, será fundamental para assegurar que os dispositivos inovadores e que realmente trazem benefícios aos doentes sejam introduzidos de forma mais eficaz no SNS.”
Desafios na aquisição de dispositivos médicos: Carga administrativa e recursos humanos
Os desafios no acesso a dispositivos médicos passam, em grande parte, pela carga administrativa e pela falta de recursos humanos especializados. A este propósito Xavier Barreto destacou que “a autonomia dos hospitais é essencial para recrutar os recursos especializados de que estas áreas necessitam. Além disso, o investimento em tecnologias como a Inteligência Artificial pode simplificar e acelerar os processos de aquisição e gestão, aliviando a pressão sobre os profissionais envolvidos.”
Avaliação do impacto dos dispositivos médicos nos doentes
Outro ponto essencial discutido no FITS foi a importância de se avaliarem os resultados na perspetiva dos doentes, utilizando ferramentas como os PROMs (Patient-Reported Outcome Measures). Para Xavier Barreto “é fundamental que os dispositivos sejam avaliados pelo impacto que têm na saúde e bem-estar dos doentes. Implementar mecanismos que utilizem o feedback dos doentes é crucial para garantir que adquirimos as tecnologias mais inovadoras e eficazes.”
Xavier Barreto, APAH
Antonieta Lucas, APORMED
Com moderação da jornalista Liliana Lobo de Carvalho, o evento contou com um painel de especialistas nacionais e internacionais, incluindo representantes de organizações como a APORMED, INFARMED, ULS Médio Tejo, a Ordem dos Farmacêuticos e o Grupo de Avaliação de Tecnologias de Saúde da União Europeia.
A primeira parte do Programa foi dedicada à Apresentação e Análise dos Resultados da 1ª Edição do Índex Nacional dos Dispositivos Médicos (Índex DM), realizado em parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL) e parceria técnica da IQVIA, que procura caracterizar a situação atual e discutir propostas de melhoria no circuito de aquisição e utilização dos dispositivos médicos no SNS.
Os principais objetivos deste estudo passam por mapear o circuito hospitalar dos dispositivos médicos, caracterizar o processo de aquisição dos dispositivos médicos em ambiente hospitalar, identificar os mecanismos implementados para redução de custos, medição e monitorização de valor, e as barreiras existentes ao processo de aquisição e disponibilização.
Professora Sofia Oliveira Martins, (FFUL) e Hugo Pedrosa (IQVIA) na Apresentação dos Resultados da 1ª Edição do Índex Nacional dos Dispositivos Médicos
Consulte a Infografia da 1ª Edição do Index Nacional dos Dispositivos Médicos e conheça em detalhe os resultados consultando o Relatório detalhado do Estudo.
Painel de debate que se seguiu à apresentação do Índex DM, que contou com a participação (da esquerda para a direita) de: Pedro Almeida (Administrador Hospitalar da ULS Médio Tejo), Paula Costa (representante da Ordem dos Farmacêuticos) e Cláudia Furtado (Diretora da Direção de Avaliação de Tecnologias de Saúde no INFARMED), Antonieta Lucas (Presidente da APORMED)
A segunda parte do Programa centrou-se no debate sobre a nova Legislação Europeia de Dispositivos Médicos e as recomendações para a avaliação das tecnologias de saúde, com um enfoque nas implicações para Portugal.
O painel de debate da segunda parte contou com a participação (da esquerda para a direita) de: Petra Zoellner (director regulatory affairs (IVDR & MDR) da MedTech Europe), Mariane Cossito (diretora da Unidade de Gestão de Avaliação e Acesso de Medicamentos do INFARMED), Marco Marchetti (vice-presidente do Grupo para avaliação de Tecnologias de Saúde da EU) e Jaime Melancia (presidente da Direção da Plataforma Saúde em Diálogo)