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APAH lança “Handbook de Integração de Cuidados”

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), em parceria com a Associação Portuguesa para a Integração de Cuidados (PAFIC), a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e a Editora Almedina, lançou a sua mais recente obra literária intitulada “Handbook de Integração de Integração de Cuidados“,

O livro, inserido na linha editorial “Gestão da Saúde em Portugal”, tem por objeto a integração de cuidados, abordando os principais conceitos que lhe estão associados, as suas dimensões, os modelos predominantes e a metodologia para a sua implementação. Apresenta, também, uma análise da evolução da integração de cuidados em Portugal, ilustrada por exemplos de projetos nacionais existentes nesta área. Trata-se de uma obra, revista por pares, dirigida a todos os stakeholders da área da saúde, cujo principal objetivo é promover a discussão e a implementação de uma estratégia nacional de integração de cuidados

A coordenação ea obra seteve a cargo do professor Rui Santana da ENSP presta o merecido destaque à Integração de cuidados e à forma como pode e deve ser um elemento  transformador da forma como prestamos cuidados de saúde. O livro conta ainda com a autoria de Joana Seringa, Cláudia Almeida, Cátia Gaspar, Miguel Papança, Rui Santana e Adelaide Belo.

Pode assistir aqui ao lançamento da obra que decorreu a 27 de maio de 2021 no decurso da 9ª Conferência de Valor,

No prefácio da obra Adelaide Belo, Presidente da PAFIC, reforça que esta obra surge como um manual para a melhoria da qualidade e custo-efetividade dos cuidados para as pessoas e ilustra exemplos de projetos nacionais existentes nesta área. Para a autora “A tradicional organização fragmentada e em silos das organizações de saúde, com respostas episódicas, reativas e orientadas para a doença, mostra-se cada vez mais desajustada à mudança do perfil epidemiológico das populações, aquilo a que a Organização Mundial de Saúde (OMS) chamou de “silver tsunami”.

De acordo com os últimos dados da Pordata, em Portugal a “esperança de vida à nascença” é de 81,5 anos, superior à média da União Europeia (UE )que é de 81 anos. No entanto, quando analisamos “os anos de vida saudável aos 65 anos” a média da UE é de 9,8 anos e a de Portugal é de 7,8 anos. Em Portugal, as pessoas vivem mais tempo, mas vivem pior, com mais carga de doença (multimorbilidade) e com maior utilização dos serviços de saúde e sociais. A resposta não pode ser doença a doença, mas sim centrada na pessoa e nas suas necessidades globais.

A esta realidade acrescem outros dados: o aumento das expetativas e da exigência da população em relação aos serviços que lhes são prestados, o inevitável avanço científico na área da saúde e das tecnologias da informação e por outro lado, a diminuição dos orçamentos para a saúde. Todos estes fatores têm vindo a pôr em causa a sustentabilidade dos serviços de saúde e dos sistemas de apoio social.

A OMS, o Observatório Europeu da Saúde e outras instâncias internacionais, suportados por inúmeros estudos académicos sobre o tema, apontam para a necessidade de uma mudança de paradigma na organização dos cuidados de saúde, alicerçada nos seguintes pilares:

  • Integração entre os vários níveis de cuidados;
  • Cuidados de proximidade e de continuidade;
  • Cuidados centrados numa visão holística das necessidades das pessoas e com o seu envolvimento como parceiros;
  • Cuidados articulados com respostas sociais e da comunidade.

Assim, nas últimas décadas, tem havido uma tendência para a introdução de modelos de Integração de Cuidados, nas reformas feitas nos sistemas de saúde, que Portugal também seguiu. Tem sido um processo a várias velocidades consoante as dimensões da Integração de Cuidados. É sempre mais fácil implementar alterações em que a decisão é de “cima para baixo” – como por exemplo a nível estrutural, com a criação de Centros Hospitalares.

Mas não basta colocar a palavra “Integração” nos títulos das reformas. Integração sem a dimensão funcional da coordenação não leva a “cuidados integrados”. E esta só acontece se as alterações forem implementadas de “baixo para cima”. Este é o exemplo que temos tido com as Unidades Locais de Saúde (ULS), em que teoricamente a integração vertical favoreceria a prestação de um continuum de cuidados.

contudo, o que se verifica, na prática, é que o investimento foi na integração administrativa, o mais fácil de pôr no terreno. No entanto, não houve uma aposta estratégica na promoção da coordenação entre os vários níveis de cuidados de saúde, sociais e comunitários, tendo em vista resultados que melhorassem a experiência das pessoas ao longo do seu percurso pelos vários serviços onde lhes são prestados os cuidados.

Mas a integração vertical não é condição nem necessária, nem suficiente (embora possa ser facilitadora) para que de “baixo para cima” se criem condições para a coordenação entre as várias estruturas e os vários níveis, tendo como objetivo prestar cuidados centrados nas pessoas, que de uma forma holística, tenham em conta as suas necessidades e as suas preferências.

O mais importante para que tal aconteça passa por repensar a forma como prestamos cuidados e como nos articulamos. Existem projetos a decorrer nas nossas instituições, fruto do grande empenho e resiliência dos profissionais, mas sem escala e com poucos apoios.

A integração de cuidados é necessária quando a fragmentação da prestação é de tal modo desajustada às necessidades das pessoas, que se torna subótima ou mesmo adversa, com impacto nas experiências dos utentes e nos resultados em saúde. Pretende melhorar a qualidade e a custo-efetividade dos cuidados para as pessoas e populações, assegurando que os serviços são coordenados em tornos das suas necessidades.

Estivemos próximos de ter uma estratégia nacional para a Integração de Cuidados com o projeto “SNS + Proximidade”. É urgente que a Tutela volte a dar sinais de que a Integração de Cuidados Centrados nas Pessoas é o caminho, com uma postura estratégica enquadradora (não castradora), deixando espaço às iniciativas locais de proximidade e não desperdiçando as que já existem no terreno.

Com este livro, os autores pretendem voltar a colocar na agenda o tema da Integração de Cuidados, começando pelo princípio: arrumar ideias relativamente a definições, conceitos e domínios da integração de cuidados, revisão dos modelos existentes e da metodologia para a sua implementação. Por fim, fazem uma pequena resenha sobre a evolução da integração de cuidados em Portugal.

Fica assim aberto o caminho para que outros se sigam, para desenvolver aspetos mais específicos, de forma a promover a capacitação dos profissionais na implementação e gestão de Programas de Integração de Cuidados.”

A obra “Handbook de Integração de cuidadosestá disponível das livrarias ou na loja online da Editora Almedina aqui.