A 17 de março deste ano, estavam internadas de forma inapropriada nos hospitais portugueses 853 pessoas, o que representava um custo de cerca de 16,3 milhões de euros. Extrapolando este cenário para o conjunto do ano, os internamentos inapropriados podem ter um impacto financeiro estimado de cerca de 100 milhões de euros para o Estado, o que compara com os mais 184 milhões de euros estimados no início de 2020.
Considera-se internamento inapropriado todos os dias que um doente passa no hospital quando já tem alta clínica e não existe um motivo de saúde que justifique a sua permanência em ambiente hospitalar. O fenómeno dos internamentos sociais tem um elevado impacto no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar, mas também no aumento dos tempos de espera para internamentos programados e, consequentemente, na respetiva degradação dos cuidados de saúde.
Desde 2017, o Barómetro de Internamentos Sociais monitoriza e caracteriza este fenómeno crítico no sistema de saúde português e reforça a importância de desenvolvimento de soluções conjuntas entre as diferentes entidades envolvidas, de forma a minimizar os impactos e melhorar o serviço de saúde prestado aos portugueses.
O Barómetro de Internamentos Sociais é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) com o suporte da EY, e conta com o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Associação dos Profissionais de Serviço Social.
A edição deste ano realizou-se em contexto pandémico, pelo que também considera dados dos internamentos de doentes infetados, com as perguntas desagregadas em internamentos Covid-19 e internamentos não Covid-19, e contou com a participação de 43 unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM), o que no seu conjunto representa 95,6% do total a nível nacional.
À data do estudo, foram reportados um total de 853 internamentos inapropriados (excluindo estabelecimentos psiquiátricos), o que correspondia a 5,4% do total de doentes internados. Ainda assim, estes casos representam um decréscimo de 45% (menos 698 casos) face à edição 2020 do Barómetro (dados recolhidos a 18 de fevereiro de 2020).
Com um total de dias de internamentos inapropriados próximo dos 29.000 (menos 76% do que os cerca de 120.000 registados em 2020), os casos apresentam uma demora média nacional de 33,6 dias por episódio, menos 57% do que os contabilizados na edição anterior.
Norte (49%) e Lisboa e Vale do Tejo (26%) são as regiões com maior número de internamentos inapropriados, e representam cerca de 75% do total dos casos e 81% do respetivo total de dias de internamento, sendo os episódios identificados maioritariamente de pessoas com idades superiores a 65 anos (77%).
Em 2021, as principais causas do número de Internamentos Inapropriados estão relacionadas com a admissão na Rede de Cuidados Continuados (RNCCI) e, por comparação, em 2020, na Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI). A falta de resposta da RNCCI representa o principal motivo de Internamentos sociais, incluindo os casos registados devido à Covid-19. A falta de resposta das ERPI é a primeira justificação para o número de dias dos internamentos.
A apresentação dos resultados finais do 5.º Edição do Barómetro dos Internamentos Sociais irá realizar-se amanhã 27 de maio, pelas 10h30, no âmbito da 9.ª Conferência de Valor APAH que será dedicada à “CONTRUIR O FUTURO DA SAÚDE”.
Para Alexandre Lourenço, Presidente da APAH, “Durante a pandemia ficou demonstrado que a saúde e a segurança social podem trabalhar juntos. Contudo, muito existe a fazer com o intuito de evitar internamentos e assegurar transferências dos utentes em tempo útil para a comunidade – em média, um doente espera mais de mês para ter alta do hospital”.
Mais informações sobre as edições anteriores do Barómetro de Internamentos Sociais AQUI
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